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Arquitetos: co.arch studio
- Área: 250 m²
- Ano: 2025
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Fotografias:Simone Bossi
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Fabricantes: Artemide, Egoluce, Genuit

Descrição enviada pela equipe de projeto. No distrito da Certosa, na zona noroeste de Milão — uma área em plena regeneração urbana promovida pela RealStep e que hoje se afirma como um dos polos gastronômicos mais vibrantes da cidade — ergue-se uma casa do início do século XX que já foi muitas coisas: um matadouro, uma ocupação, um fragmento esquecido do tecido urbano. Hoje, renasce como o Club Giovanile Milano, um espaço híbrido que combina gastronomia, listening bar e música ao vivo.


O projeto, promovido pela RealStep, nasce da intenção de revitalizar o distrito, insuflando-lhe nova energia. A tarefa foi confiada ao estúdio co.arch, dos arquitetos Andrea Pezzoli e Giulia Urciuoli, que aceitaram um desafio preciso: preservar o caráter histórico da casa sem domesticá-lo, mas evidenciá-lo por meio de intervenções declaradamente contemporâneas.

Uma restauração que conta histórias. Os materiais originais — azulejos de cimento, estuques e letreiros de época — foram cuidadosamente recuperados. No entanto, os sistemas de construção, deliberadamente deixados à mostra, atravessam tetos e paredes como veias metálicas, evocando uma estética ao mesmo tempo industrial, dadaísta e cyberpunk. Não é por acaso que as referências visuais vão de Brazil, de Terry Gilliam, a Akira, passando por distopias retrofuturistas e imaginários visionários. Aqui, os dutos de aço Genuit expostos deixam de ser apenas uma solução técnica: tornam-se um dispositivo narrativo, uma nova epiderme metálica que sobrepõe camadas de tempo e sentido às paredes. O metal reflete, interrompe e dialoga com as superfícies irregulares, sublinhando o hiato entre passado e presente — entre ruína e reconstrução.

Duas almas, um palco - No interior, duas amplas salas acolhem tanto a música ao vivo quanto as sessões de escuta dedicadas. A acústica, calibrada pela Labirinti Acustici, se entrelaça aos interiores concebidos pela Ots – Off the Shelf, em um diálogo entre precisão técnica e liberdade criativa. Durante o dia, o espaço se apresenta como restaurante e bar de escuta; à noite, metamorfoseia-se em um palco urbano, onde luz e som redefinem continuamente a atmosfera.


Uma pele revelada - A envoltória segue a mesma lógica: a casa foi "desnudada", libertada de camadas acumuladas para revelar cornijas, molduras decorativas e a inscrição histórica SUINI DA MACELLO ("porcos para abate"), uma memória gravada na própria arquitetura. Um gesto irônico, mas radical, que liga a nova função ao seu passado sem apagá-lo.

Enxertos contemporâneos - Duas intervenções redefinem a fachada: uma grande vitrine voltada para a rua, trazendo a cidade para dentro enquanto abriga o letreiro de néon do clube, e uma escada externa em aço e chapa perfurada, conectando as salas e se estendendo em um terraço que se torna parte da experiência musical.

Uma casa contra a corrente - O Club Giovanile Milano está ao lado da La Forgiatura, outra requalificação promovida pela RealStep. No entanto, aqui a linguagem é intencionalmente contrastante. Se La Forgiatura é um campus contemporâneo de inovação, a casa joga a carta da anomalia: como se uma relíquia da década de 1930 tivesse pousado no meio do novo distrito, recusando a assimilação e amplificando sua diferença.















